Abuso online dispara no fim de semana: Premier League e WSL sob fogo, plataformas sob escrutínio
Investigação da BBC e da Signify detecta mais de 2.000 mensagens de abuso extremo em apenas dois dias; treinadores são os principais alvos e atuação das plataformas é questionada
O que aconteceu
Uma investigação da BBC, em parceria com a empresa de ciência de dados Signify, analisou mais de 500.000 publicações em redes sociais (X, Instagram, Facebook e TikTok) durante 10 jogos da Premier League e seis da Women's Super League (WSL) no fim de semana de 8-9 de novembro. Foram validadas 2.015 mensagens de abuso extremo (ameaças de morte, violação e discurso de ódio), com 82% no X. Treinadores foram mais visados do que jogadores. Em Inglaterra, Chelsea e a treinadora Sonia Bompastor concentraram 50% do abuso na WSL; na Premier League, Rúben Amorim, Arne Slot e Eddie Howe foram dos mais atacados. A Signify reporta um aumento anual de ~25% dos níveis de abuso.
Por Que Importa
- Risco reputacional e de segurança: ameaças credíveis obrigam clubes a reforçar vigilância e custos operacionais (segurança, equipas legais, monitorização).
- Pressão regulatória: a Lei de Segurança Online no Reino Unido impõe dever de cuidado às plataformas; falhas podem implicar multas e sanções.
- Impacto em ativos humanos: abuso recorrente afecta saúde mental, performance e retenção de talento (jogadores e treinadores), com reflexos no valor desportivo e comercial.
- Responsabilidade das plataformas: baixa remoção de conteúdos sinalizados fragiliza a confiança de anunciantes e pode reduzir receitas publicitárias.
Números
- 500.000+ publicações analisadas; 22.389 sinalizadas por IA, das quais 2.015 confirmadas como abuso extremo após dupla revisão humana.
- 39 casos considerados graves para investigação adicional; 1 comunicado à polícia (sem ação posterior).
- 61% das mensagens abusivas vieram de contas no Reino Unido e República da Irlanda.
- Arsenal reporta queda de 90% no envio de abuso por adeptos identificados do clube após três anos a trabalhar com a Signify (educação e proibições de acesso).
Entre Linhas
- A atuação das plataformas é desigual: segundo a investigação, apenas uma publicação foi removida pela Meta; no X, parte foi removida e outras tiveram alcance limitado, permanecendo online.
- Clubes começam a internalizar respostas: proibições de sócios, educação digital e parcerias de monitorização para mitigar riscos e proteger ativos.
E agora?
- Expectável aperto regulatório via Ofcom sobre cumprimento da Lei de Segurança Online e métricas de remoção.
- Clubes e ligas devem ampliar protocolos de resposta (monitorização em tempo real, equipa de evidências, cooperação com autoridades) e cláusulas contratuais de proteção a talento.
- Anunciantes podem exigir garantias de baixa exposição reputacional e métricas de moderação como condição de patrocínio e compra de mídia.