Clássico feminino expõe abismo de investimento: Barça duplica Madrid e lidera receitas
Barcelona já ultrapassa 21,7 M€ de faturação e investe cerca de 14 M€ em salários; Real Madrid acelera mas ainda opera a metade no relvado e no negócio.
O que aconteceu
O FC Barcelona e o Real Madrid disputam novo Clássico feminino este sábado, num contexto de forte crescimento comercial e maior abertura a investimento externo. Em 2024-2025, o Barça lidera com 21,7 M€ de receita e uma massa salarial a rondar 14 M€ (não confirmado oficialmente), enquanto o Madrid projeta 7,5 M€ em salários desportivos para 2025-2026. A diferença de despesa em pessoal desportivo entre ambos é de 80% a favor do Barça.
Por Que Importa
- O Barça é hoje a referência europeia em faturação feminina (21,7 M€), apoiada por patrocínios e merchandising, criando margem para reter talento e investir em competitividade.
- O Real Madrid acelera (salários +33% em 2024-2025 e +8% projetado para 2025-2026), mas mantém um gap orçamental que se reflete no desempenho desportivo.
- A Liga dos Campeões Feminina (Women’s Champions League) aumenta o bolo para 31,5 M€ de prémios no novo ciclo, reforçando o incentivo para percursos longos na Europa.
- Dependência comercial elevada: 74% das receitas do Barça e 83% do Madrid vêm de patrocínios e vendas associadas, tornando a gestão de marcas e ativações crítica.
Números
- Barça: 12,6 M€ em pessoal desportivo em 2024-2025 (+9% anual), com indicação de +1 M€ adicional para 2025-2026, aproximando-se de 14 M€ de massa salarial (não confirmado); gasto total em pessoal > 13,3 M€ (+10%).
- Real Madrid: 7,5 M€ em salários desportivos projetados para 2025-2026; total de pessoal ~9 M€ em 2025-2026 (vs. 7,8 M€ anterior).
- Receita comercial: Barça 16,1 M€ em 2024-2025; 22 patrocinadores, com Vueling exclusivo da secção. Madrid com 24 patrocinadores, Grupo AtValor exclusivo.
- Receitas audiovisuais 2023-2024: Barça 471.284 € (Liga F) e 1,4 M€ (campeão da Champions); Madrid 404.632 € (Liga F) e 540.000 € (fase de grupos).
Contexto
- O crescimento do futebol feminino de elite decorre da independência operacional de secções face ao futebol masculino, facilitando a entrada de capital (maioritariamente estrangeiro).
- Jogos europeus em grandes estádios impulsionam matchday: o Barça prevê regressar ao Spotify Camp Nou após reabertura; no Estadi Lluís Companys, o ticketing e competições mantêm-se ~4 M€/ano. O Madrid já supera 1 M€ nesta via.
E agora?
- O aumento de prémios da UEFA deverá inflacionar orçamentos e salários, pressionando clubes concorrentes com menos escala a profissionalizar captação comercial.
- Para reduzir a assimetria, o Madrid terá de converter a sua base de patrocinadores em maior ARPU comercial e performance europeia consistente.