FIFA reforça eixo com Médio Oriente e acirra tensão com UEFA através de novos torneios de clubes
Modelos da Copa do Mundo de Clubes e da Copa Intercontinental privilegiam receitas e parceiros árabes, pressionando o calendário europeu e a hegemonia da Champions League
O que aconteceu
A FIFA encerrou a Copa Intercontinental com triunfo do Paris Saint‑Germain (PSG) sobre o Flamengo nos penáltis, num ano em que promoveu dois torneios mundiais de clubes: a própria Intercontinental (formato com jogo único para o campeão europeu, pedido pela UEFA) e a nova Copa do Mundo de Clubes, quadrienal, cuja próxima edição está marcada para 2029. As competições têm forte financiamento do Médio Oriente e alimentam a disputa política entre Gianni Infantino (FIFA) e Aleksander Čeferin (UEFA).
Por Que Importa
- Receita e direitos: a edição recente da Copa do Mundo de Clubes nos Estados Unidos foi desenhada para maximizar receitas, com o parceiro de média DAZN a investir cerca de US$ 1 mil milhões em direitos de transmissão.
- Patrocínios estratégicos: a Aramco é patrocinadora principal da Copa Intercontinental e mantém acordo com a FIFA até 2034, de US$ 100 milhões/ano, consolidando a dependência de capital saudita.
- Geopolítica do futebol: a ligação a fundos e entidades do Médio Oriente (PIF, QSI, Surj Sports Investment) reequilibra poder fora da Europa e pressiona a hegemonia da Champions League, núcleo do modelo de negócio da UEFA.
- Calendário e relações laborais: o sindicato internacional de jogadores (FIFPRO) critica sobrecarga competitiva e foco exclusivo em receitas, elevando risco reputacional e potenciais custos com saúde dos atletas.
Contexto
- O presidente da UEFA, Aleksander Čeferin, não compareceu à Copa do Mundo de Clubes, gesto interpretado como boicote à “invasão” da FIFA no ecossistema de clubes.
- Três dos seis participantes da Copa Intercontinental têm financiamento árabe: Al‑Ahly (PIF), PSG (QSI) e Pyramids (Turki Al‑Sheikh); o evento foi sediado no Catar.
- A estratégia de Infantino também se alinha com a Copa do Mundo de 2034 na Arábia Saudita, reforçando blocos de voto fora da Europa nas futuras eleições da FIFA.
Entre Linhas
- O “pacote” FIFA para clubes e federações fora da Europa combina visibilidade global, novos fluxos de patrocínio e acesso a capital do Médio Oriente, criando dependências que podem reconfigurar a distribuição de receitas entre confederações.
- Persistem riscos de fragmentação do calendário e de conflito regulatório com a UEFA, com impacto em audiências, patrocínios e valorização de ativos (não confirmado).
Números
- DAZN: US$ 1 mil milhões em direitos da Copa do Mundo de Clubes.
- Aramco–FIFA: US$ 100 milhões/ano até 2034.
- Próxima Copa do Mundo de Clubes: 2029 (data exacta não divulgada).