Estudo da HHL defende equilíbrio entre participação dos adeptos e autonomia dos investidores no âmbito da 50+1
Análise propõe métrica para medir influência dos adeptos e alerta: mais legitimidade democrática pode significar menor flexibilidade empresarial — e vice‑versa.
O que aconteceu
Um estudo da Handelshochschule Leipzig (HHL) avaliou como medir estruturalmente a participação dos adeptos nos clubes profissionais alemães e o seu impacto na atratividade para investidores, no contexto da regra 50+1. A investigação surge quando o Bundeskartellamt (Autoridade da Concorrência) instou a Deutsche Fußball Liga (DFL) e os seus 36 clubes a agir sobre exceções e casos sensíveis (Bayer Leverkusen, VfL Wolfsburg, Hannover 96 e RB Leipzig), sob pena de a 50+1 colapsar.
Por Que Importa
- Finanças e governo societário: maior controlo dos adeptos reforça legitimidade e ligação ao clube, mas reduz flexibilidade financeira e velocidade de decisão, potencialmente afastando capital.
- Estratégia de investimento: clubes com maior autonomia de gestão tendem a captar mais investimento, porém com maior risco reputacional se decisões contrariarem expectativas dos adeptos.
- Regulação: a 50+1 é apresentada como quadro de equilíbrio, não uma barreira rígida, para compatibilizar prioridades económicas e participação.
- Valor competitivo: o ponto de equilíbrio entre participação e autonomia determina a posição competitiva dentro e fora de campo, segundo os autores.
Contexto
- O estudo, “Fanpartizipation oder Investoren-Autonomie? Deutschlands Profifußball am Scheideweg”, é assinado por Henning Zülch (prof.), Konstantin F. Krakau (doutorando) e Florin Groth (mestrando).
- Classificação em três modelos: clubes “fan‑determinados” (ex.: FC St. Pauli, 1. FC Union), “investidor‑dependentes” (ex.: RB Leipzig, VfL Wolfsburg) e formas híbridas (com sociedades como GmbH & Co. KG), onde a estrutura jurídica molda o grau de controlo.
Números
- A HHL propõe um índice (0–1) por clube com base em quatro categorias: “Propriedade e direitos de voto”, “Estruturas e expressão dos adeptos”, “Influência histórica” e “Inclusão sociocultural”.
- Quanto mais alto o índice, maior o poder dos adeptos e, em teoria, menor a atratividade para investidores que procurem decisões comerciais rápidas.
Entre Linhas
- A HHL sublinha que participação dos adeptos e atratividade para investidores não são antagónicas por definição; exigem governance clara e expectativas alinhadas. O caso do TSV 1860 München ilustra os riscos quando tal equilíbrio falha.
E agora?
- A DFL e os clubes terão de ajustar práticas de governação para responder ao regulador e evitar o colapso da 50+1.
- O modelo de medição proposto pode servir de referência para negociações com investidores e para políticas internas de participação.