Bayern ponderou vender 5% a fundo externo; conversas com a EQT caíram
Negociação por uma participação minoritária esbarrou na saída do CFO e no escrutínio do modelo alemão de 50+1. Avaliação de referência: €4,28 mil M.
O que aconteceu
O Bayern Munique manteve este ano conversas com a gestora de capital de risco EQT para vender uma participação minoritária, potencialmente até 5% do veículo operacional do futebol, mas as negociações fracassaram após a saída do diretor financeiro Michael Diederich no verão. A associação de sócios detém 75% do clube e a sua constituição exige que os membros mantenham pelo menos 70% da subsidiária do futebol.
Por Que Importa
- Um acordo teria testado o modelo alemão de 50+1, num contexto de forte resistência dos adeptos a capital externo, com impacto direto em governação e controlo.
- A venda de até 5% implicaria uma captação potencial relevante: a avaliação de referência do clube é de €4,28 mil M, sugerindo um encaixe teórico na ordem de €214 M (não confirmado), útil para investimento competitivo em plantel, infraestruturas e receitas comerciais.
- O interesse da EQT sinaliza a procura de ativos desportivos “blue chip” na Europa para atrair investidores de retalho, reforçando a tendência de institucionalização do capital no desporto.
- A ausência de intenção de desinvestimento por parte de Adidas, Audi e Allianz preserva estabilidade acionista, mas limita liquidez futura sem mexer no perímetro de 50+1.
Contexto
- Na Alemanha, protestos de adeptos levaram a Liga Alemã de Futebol a cancelar (2024) negociações para entrada de capital privado na organização (direitos de transmissão). O caso RB Leipzig/Red Bull continua a alimentar o debate sobre identidade e “clubes de plástico”.
- O Bayern é hegemónico na Bundesliga (12 dos últimos 13 títulos), tem mais de 432 mil sócios e está entre os 5 maiores do mundo por receitas anuais.
Números
- Avaliação empresarial (Football Benchmark): €4,28 mil M.
- Transações recentes na Europa: Atlético de Madrid avaliado acima de €2 mil M (acordo de maioria com Apollo); Chelsea vendido por €2,85 mil M (€2,5 mil M GBP); AC Milan por €1,2 mil M.
- EQT gere cerca de €270 mil M em ativos e investiu €23 M (€25 M US$) via veículo de capital de risco na Baller League (formato 6x6 com influenciadores).
Entre Linhas
- O dossiê terá perdido tração com a saída do CFO, alegadamente o principal elo com a EQT, ilustrando como a governação e continuidade executiva influenciam transações em clubes com forte peso associativo.
- Não há indicação de venda por parte de Adidas, Audi e Allianz; termos financeiros específicos das conversas Bayern–EQT não foram divulgados (valores não divulgados).