Marrocos acelera investimento para se afirmar como superpotência do futebol, mas enfrenta críticas internas
Infraestrutura de estádios, candidatura ao Mundial 2030 e política de bilhética colocam foco no retorno social e económico do plano estatal
O que aconteceu
Marrocos apresentou a sua nova infraestrutura desportiva na Taça das Nações Africanas (AFCON) 2025, com Ribate (Rabat) e Tânger no centro da operação. O país prepara-se para coorganizar o Mundial de 2030 e ergue o Grand Stade Hassan II (Casablanca), anunciado para 115.000 lugares (não confirmado), enquanto concentra decisões na capital. A estreia frente às Comores, em Rabat, registou 60.180 espectadores oficiais (capacidade superior) e críticas ao ambiente e à política de bilhética.
Por Que Importa
- Estratégia de investimento estatal em estádios e centros media visa posicionar Marrocos como hub africano de eventos, com impacto em turismo, patrocínios e direitos de transmissão.
- A concentração da seleção em Rabat, em vez de Casablanca — tradicionalmente mais fervorosa — pode afetar receitas de bilhética, consumo no estádio e valor de espetáculo para televisão.
- Tensões sociais sobre prioridades orçamentais (saúde vs. estádios) elevam o escrutínio ao retorno do investimento (ROI) público e ao legado socioeconómico das obras.
- Sinais de revenda e preços acima da capacidade de compra local ameaçam a acessibilidade, a ocupação média e a perceção de valor para patrocinadores.
Contexto
- Marrocos foi semifinalista do Mundial 2022 e coorganizará o Mundial 2030, consolidando-se como anfitrião recorrente na região.
- A liderança política (Rei Mohammed VI) é central no financiamento e branding dos projetos, reforçando alinhamento estatal, mas também a exposição a críticas sobre prioridades públicas.
- Federação e organizadores foram elogiados por FIFA e Confederação Africana de Futebol (CAF) pela entrega de arenas “de classe mundial”, reforçando a capacidade de captação de grandes eventos.
Entre Linhas
- A opção por Rabat pode reduzir “efeito casa” e intensidade nas bancadas, com potenciais impactos na performance desportiva e no produto televisivo.
- O alegado desfasamento entre números oficiais de assistência e lugares efetivamente ocupados fragiliza métricas comerciais usadas em negociações de patrocínio e media.
E agora?
- Ajustes à política de preços e combate à revenda serão críticos para maximizar ocupação, receita por jogo e experiência do adepto.
- O calendário rumo a 2030 exigirá planos de legado (mobilidade, serviços, formação) para mitigar críticas e demonstrar ROI público sustentável.