Vendas de jogadores ganham peso nas contas dos clubes europeus sob novas regras
Lucros com transferências já contam para limites regulatórios da UEFA e podem ser adotados pela Premier League, favorecendo quem domina a negociação de ativos
O que aconteceu
Uma análise recente sublinha que o lucro com vendas de jogadores assumiu-se como um novo fluxo de receita nos clubes europeus. A UEFA incluiu este item no rácio de controlo de custos do plantel, que limita salários, transferências e comissões de agentes a 70% das receitas e do lucro com vendas (média de três anos). A Premier League votará em breve a adoção de modelo semelhante e um enquadramento de “ancoragem de topo a base”, potencialmente substituindo as atuais Regras de Lucro e Sustentabilidade. O estudo cobre 2018/19 a 2023/24, comparando ligas e clubes quanto à dependência deste lucro.
Por Que Importa
- Integração regulatória: ao contar o lucro com vendas no denominador, clubes com forte histórico de trading têm vantagem para cumprir o teto de 70% da UEFA, suavizando pressão sobre custos operacionais.
- Planeamento financeiro: transformar vendas em pilar recorrente altera orçamentos, gestão de contratos e “timing” de mercado, com impacto direto em cash flow e risco desportivo.
- Competitividade doméstica: se a Premier League adotar o novo modelo, clubes com academias fortes e estratégia de valorização de ativos poderão mitigar penalizações que hoje decorrem das atuais PSR.
- Volatilidade: dependência de vendas aumenta exposição a ciclos de mercado e a choques (lesões, formas de jogadores), tornando resultados mais imprevisíveis para investidores e credores.
Contexto
- O rácio da UEFA inclui: salários, amortizações de passes e comissões de agentes no numerador; no denominador, receitas operacionais + lucro com vendas (média de 3 anos).
- As atuais PSR da Premier League permitem perdas até £105 M (c. €121 M) em 3 anos; a votação poderá substituir este regime por limites ancorados a receitas (detalhes específicos não confirmados).
- O período analisado (2018/19–2023/24) abrange antes, durante e após o impacto da COVID-19, permitindo observar mudanças estruturais na dependência de vendas.
Entre Linhas
- Ligas com menor receita média de direitos e patrocínios tendem a depender mais de mais-valias de jogadores para fechar contas, fenómeno observado em campeonatos como Primeira Liga e Eredivisie.
- A Bundesliga ficou fora da análise por falta de detalhe contabilístico, o que limita comparações pan-europeias.
E agora?
- Clubes poderão priorizar contratos longos, cláusulas de revenda e janelas de venda estratégicas para maximizar mais-valias que contam para o rácio.
- Reguladores nacionais podem alinhar-se com a UEFA, incentivando práticas de trading mais sistemáticas e reporte financeiro mais granular.