Casas de apostas investem €176,8 M e dominam patrocínios principais da Série A do Brasil
Operadoras respondem por 90% dos patrocinadores principais; Flamengo lidera com €43,2 M por época
O que aconteceu
Um estudo da LCA Consultores e da Cruz Consulting, encomendado pelo Instituto Brasileiro de Jogo Responsável (IBJR) e pela Associação Nacional de Jogos e Loterias (ANJL), indica que o patrocínio principal (master) dos 20 clubes da Série A do Brasileirão ultrapassa €176,8 M (R$ 1,1 mil milhões) por época em 2025. As operadoras de apostas de quota fixa, reguladas desde a Lei 13.756/2018, patrocinam 18 de 20 clubes e representam 90% dos patrocinadores principais. O total estimado para 2025 é €188,5 M (R$ 1,172 mil milhões).
Por Que Importa
- Receita recorrente: o fluxo anual de €180–189 M em patrocínios principais cria previsibilidade orçamental para clubes, com impacto direto em salários, contratações e infraestruturas.
- Concentração de risco: a dependência de um único sector (apostas) aumenta a exposição regulatória e reputacional dos clubes e da liga.
- Valorização de ativos comerciais: acordos recorde elevam a referência de mercado para outras propriedades (mangas, costas da camisola, naming de estádios e centros de treinos).
- Política pública e compliance: o avanço da regulação pode alterar exigências de licenciamento, impostos e comunicação comercial, afetando margens das operadoras e os orçamentos dos clubes.
Números
- Total patrocínios master 2025: €188,5 M (R$ 1,172 mil milhões) — cerca de 4x face ao início da década.
- Clubes com maiores valores (por época):
- Flamengo: €43,2 M (R$ 268,5 M)
- São Paulo: €18,2 M (R$ 113 M)
- Corinthians: €16,6 M (R$ 103 M)
- Palmeiras: €16,1 M (R$ 100 M)
- Vasco: €11,2 M (R$ 70 M)
- Atlético-MG: €9,7 M (R$ 60 M)
- Botafogo: €8,8 M (R$ 55 M)
- Santos: €8,4 M (R$ 52,5 M)
- Fluminense: €8,3 M (R$ 52 M)
- Penetração: 18 de 20 clubes da Série A com patrocinador principal do sector das apostas.
Contexto
- Até 2018, patrocínios principais eram dominados por empresas estatais (ex.: Caixa Econômica Federal). A partir de 2019, as operadoras de apostas entraram nos equipamentos, aceleradas pela regulação das apostas de quota fixa.
- O estudo associa o montante atual a equivalentes desportivos: p.ex., o total de €188,5 M corresponde, segundo a pesquisa, a múltiplas campanhas vencedoras em competições continentais e nacionais.
Entre Linhas
- O boom de patrocínios convive com preocupação de jogo responsável. Dados oficiais indicam 17,7 milhões de apostadores no 1.º semestre de 2025; gasto médio mensal €26,4 (R$ 164) e média por apostador ativo no semestre €158 (R$ 983). Impactos regulatórios futuros podem afetar capacidade de investimento das casas e, por arrasto, os clubes.