AFA quer tokenizar mecanismo de solidariedade da FIFA para dar liquidez imediata aos clubes
Claudio “Chiqui” Tapia anunciou na Devconnect, em Istambul, uma parceria com a WIN Investments para antecipar receitas futuras via tokens; valores e calendário não divulgados
O que aconteceu
A Associação do Futebol Argentino (AFA) revelou, na Devconnect em Istambul, um plano para tokenizar o mecanismo de solidariedade da FIFA, permitindo aos clubes formadores antecipar em caixa uma parte das receitas futuras que lhes cabem em transferências internacionais. O presidente Claudio “Chiqui” Tapia indicou uma parceria com a WIN Investments; valores e cronograma não divulgados.
Por Que Importa
- Liquidez imediata: clubes com tesouraria pressionada poderão monetizar já direitos futuros do mecanismo de solidariedade (até 5% das transferências internacionais), melhorando fluxo de caixa e planeamento de época.
- Preço e risco: a tokenização pode baixar o custo de financiamento face a adiantamentos bancários, mas transfere risco de não ocorrência (transferência futura) para investidores.
- Transparência e auditoria: registo em tecnologia de registo distribuído pode reduzir litígios na partilha do mecanismo e acelerar liquidações.
- Regulação e compliance: operação exige enquadramento com regras da FIFA, controlo de branqueamento de capitais e supervisão de valores mobiliários (não confirmado se os tokens serão classificados como valores).
Contexto
- O mecanismo de solidariedade da FIFA destina até 5% do valor das transferências internacionais a clubes que formaram o jogador entre os 12 e 23 anos.
- AFA tem historicamente clubes com elevada dependência de vendas e ciclos de caixa voláteis; a antecipação de recebíveis é prática comum, mas com comissões e custos elevados.
- Tokenização: emissão digital fracionada de direitos económicos futuros, que podem ser transacionados em plataforma de transmissão online (streaming) de ativos ou mercados secundários (modelo e jurisdição não confirmados).
Entre Linhas
- Sem detalhes sobre taxa de desconto, garantias, mercado secundário, ou quem pode investir (retalho vs. institucional) — variáveis críticas para o custo de capital dos clubes.
- Não há confirmação de como serão tratados eventos de falha (transferência que não acontece, cláusulas de rescisão, litígios) nem da conversão cambial numa economia com volatilidade do peso.
E agora?
- AFA e WIN deverão detalhar modelo jurídico, governança, oráculos de dados de transferências e integração com o sistema de compensações da FIFA (FIFA Clearing House).
- Clubes poderão preparar carteiras de direitos (jogadores elegíveis) para colocação inicial, definindo limites de cessão para evitar dependência excessiva de receitas futuras.