Plataformas de transmissão online já valem 20% do gasto em direitos desportivos
Relatório da Houlihan Lokey aponta subida das OTT para €11,8 mil milhões; projeção do mercado atinge $66 mil milhões em 2026, com fundos como a CVC a reforçar aposta.
O que aconteceu
As plataformas de transmissão online (over-the-top, OTT) como Netflix, Amazon, Disney e Dazn concentraram 20% do gasto global na compra de direitos audiovisuais desportivos, o equivalente a €11,8 mil milhões, segundo a Houlihan Lokey, citada pelo Palco23. Em 2021, essa fatia era 8%. Para 2025, o gasto total em direitos deverá rondar $56,6 mil milhões, cerca de -10% face a 2024, ano de Euro e Jogos Olímpicos; para 2026, a projeção é de $66 mil milhões.
Por Que Importa
- A migração de investimento para OTT aumenta a concorrência por conteúdos premium e pressiona os custos de direitos para ligas e federações.
- O peso de 20% dá maior poder negocial a plataformas digitais, reconfigurando pacotes de transmissão e modelos de distribuição (ex.: exclusividades, ofertas directas ao consumidor).
- A queda de ~10% em 2025 evidencia ciclos de calendário: anos sem megaeventos têm menor tração comercial, relevante para previsões de receitas de clubes e ligas.
- A entrada ativa de fundos como CVC, via Global Sport Group (GSG), reforça a financeirização dos direitos e pode acelerar consolidação e acordos plurianuais.
Contexto
- A Dazn é destacada pelo leque amplo de direitos; a Netflix expandiu-se com NFL e WWE por um horizonte de dez anos.
- Segundo a Houlihan Lokey, os motores de crescimento até 2026 serão: audiências globais, adoção do streaming, grandes eventos e acordos históricos nos principais desportos (maduros e emergentes).
- A GSG, apoiada pela CVC, arrancou com valorização de €9.000 milhões e procura investir em ligas de topo com grande alcance nacional.
E agora?
- Espera-se maior competição por janelas e pacotes híbridos (televisão linear + OTT), com impacto em preços, partilha de receitas e segmentação geográfica.
- Clubes e ligas podem explorar modelos directos ao adepto para aumentar retorno do investimento (ROI) e recolha de dados próprios, mitigando dependência de terceiros.
- A tendência sugere contratos mais longos com cláusulas de flexibilidade tecnológica e métricas de custo por mil (CPM) mais granulares para anunciantes.