‘Premflix’ em estudo: quanto custaria um serviço direto ao adepto da Premier League?
Pirataria em alta pressiona a liga inglesa a ponderar um modelo direto‑ao‑consumidor; substituição dos atuais direitos no Reino Unido exigiria receitas de subscrição equivalentes a cerca de €1,81 mil milhões por época.
O que aconteceu
Um episódio especial do podcast The Athletic FC analisou o impacto da pirataria no consumo de futebol no Reino Unido e discutiu a hipótese de a Premier League lançar uma plataforma própria de transmissão online (streaming) — apelidada informalmente de “Premflix”. Estimativas citadas no programa indicam que 9% dos adultos no Reino Unido recorreram a transmissões ilegais nos últimos seis meses. A liga admite estar a “caminhar para essa opcionalidade”, mas sem uma mudança imediata antes do próximo ciclo de direitos no Reino Unido, a partir de 2029.
Por Que Importa
- Receitas de direitos no Reino Unido: a Premier League recebe cerca de €1,81 mil milhões (£1,6 mil milhões) por época; um serviço direto teria de igualar este valor com assinaturas, absorvendo ainda custos de plataforma, operação e apoio ao cliente.
- Disposição a pagar: adeptos inquiridos apontaram valores entre €17–€68 (£15–£60)/mês; a matemática sugerida no podcast: 5 milhões x €29 (£26) ou 10 milhões x €15 (£13) para cobrir a fasquia anual — sem margens para custos adicionais.
- Risco vs. segurança: clubes dependem fortemente dos direitos — em 2023/24, a televisão doméstica representou 44% das receitas agregadas; em nove clubes, ≥70% do rendimento. A migração para direto‑ao‑consumidor aumentaria o risco de fluxo de caixa.
- Anti‑pirataria e valor do produto: especialistas defendem inovação na oferta para competir com conteúdos ilegais; a manutenção do valor do produto é crítica para o retorno do investimento (ROI) em toda a pirâmide do futebol inglês.
Números
- Dívida bruta da Premier League (2023/24): €5,33 mil milhões (£4,7 mil milhões).
- Receitas de TV domésticas aos clubes (2023/24): €3,17 mil milhões (£2,8 mil milhões).
- Crescimento dos direitos internacionais no último ciclo: +27%.
Entre Linhas
- Operar direto‑ao‑consumidor exige infraestrutura de produção, distribuição e suporte — custos não divulgados — que hoje estão, em grande parte, do lado de parceiros como Sky e TNT Sports.
- Potenciais novos financiadores, de grandes plataformas tecnológicas a patrocinadores que subsidiem conteúdos premium, são vistos como hipóteses, mas o apetite tende a concentrar-se apenas nos eventos “maiores”, deixando incerto o financiamento do “semana a semana”.
E agora?
- A liga trouxe a venda de direitos para dentro de casa após o fim do acordo com a IMG, preparando cenários para 2029.
- Qualquer “Premflix” exigiria testes calibrados (não confirmado), bundles com parceiros ou modelos híbridos (pay‑per‑view, multilíngue, cam flexível) para mitigar riscos e responder à pirataria com melhor produto.