Capital estrangeiro ganha terreno no futebol italiano: metade da Serie A e B já com donos de fora
Fundos norte‑americanos e investidores asiáticos expandem-se para clubes médios e pequenos, atraídos por avaliações mais baixas e perspetivas de valorização.
O que aconteceu
Mais de metade dos clubes das ligas principais em Itália (Serie A e Serie B) estão hoje controlados por investidores estrangeiros. Em 2025, 11 dos 20 em Serie A e oito em Serie B têm capital de fora, num movimento que vai dos grandes fundos norte‑americanos a magnatas asiáticos. Entre os casos recentes, destaca-se a venda do Monza da Fininvest (família Berlusconi) ao fundo norte‑americano Beckett Layne Ventures por valores não divulgados.
Por Que Importa
- A entrada de capital estrangeiro está a reconfigurar a propriedade e a estratégia dos clubes italianos, com impacto em receitas (bilhética, comercial, direitos de transmissão), investimentos em estádios e mercado de transferências.
- Em clubes médios/pequenos, o preço de entrada é inferior, permitindo estratégias de compra, desenvolvimento e alienação com retorno do investimento (ROI) em 5–7 anos.
- Nos grandes, a pressão para ganhar força decisões de investimento que nem sempre são racionais do ponto de vista económico, aumentando a necessidade de novos ativos (como estádios) para crescer receitas.
Números
- Serie A: 11/20 clubes com controlo estrangeiro. Exemplos: Atalanta (consórcio liderado por Stephen Pagliuca), Bologna (Joey Saputo), Como (família Hartono), Fiorentina (Rocco Commisso), Genoa (Dan Șucu), Inter (Oaktree), Milan (RedBird), Roma (Friedkin), Parma (Kyle Krause), Pisa (Giuseppe Corrado/Alexander Knaster), Hellas Verona (Presidio Investors).
- Serie B: oito clubes com capital internacional, incluindo Cesena, Monza, Palermo, Sampdoria, Spezia e Venezia.
- Monza: avaliação após descida apontada para cerca de €45 milhões, menos de metade do seu faturamento 2024 (valores indicativos na fonte; preço de transação não confirmado).
Contexto
- A lógica de investimento difere por segmento: nas médio‑pequenas pesam a entrada barata, a valorização de ativos (plantel, academia, marca) e a possibilidade de saída com mais‑valias; nos grandes, a competitividade desportiva obriga a sustentar salários elevados e retenção de estrelas.
- Inter e Milan apontam o novo estádio em Milão como alavanca para aumentar receitas operacionais e valor de longo prazo, combinando financiamento com capital próprio (equity) e dívida, segundo documentação submetida à autarquia.
E agora?
Espera‑se continuidade do apetite por ativos italianos de menor avaliação, com investidores a procurar carteiras multi‑clube e oportunidades de requalificação de estádios. Em paralelo, os grandes dependerão da execução de projetos imobiliários e de governação financeira para reduzir volatilidade e melhorar margens.