Mbappé vence disputa e obriga PSG a pagar “bónus de ética”: €61,5 M em salários e prémios
Cláusulas de comportamento em França funcionam como parte do salário, contornando a proibição legal de cortes salariais. Caso expõe a engenharia contratual no topo do futebol.
O que aconteceu
Kylian Mbappé ganhou uma ação contra o Paris Saint‑Germain (PSG) por salários e prémios em atraso, garantindo cerca de €60 M (GBP £52,5 M), incluindo €1,5 M (GBP £1,3 M) em “bónus de ética”. Em França, este bónus integra o salário e está associado a deveres de conduta e assiduidade, uma vez que a lei laboral proíbe deduções salariais punitivas.
Por Que Importa
- Estruturas salariais em França usam o “bónus de ética” para assegurar comportamentos sem violar a lei laboral; é, na prática, parte do salário fixo, com impacto em cash flow, fiscalidade e risco jurídico.
- A decisão reforça que atrasos ou retenções destas parcelas podem acabar em tribunais, elevando o custo de litígios para clubes e pressionando a governação contratual.
- Para atletas de topo, o mix remuneração inclui fixo, bónus de ética, prémios de desempenho, direitos de imagem e pagamentos de lealdade, alterando a estrutura de custos e o retorno do investimento (ROI) dos clubes.
- O caso cria referência para negociações futuras em França, onde clubes terão de calibrar cláusulas de comportamento sem ultrapassar limites legais.
Contexto
- Exemplos anteriores no PSG: parte do bónus de ética foi retida a Marco Verratti após condução sob efeito de álcool; Hatem Ben Arfa perdeu o bónus por faltar a um estágio no Qatar; Lionel Messi foi sancionado após viagem não autorizada à Arábia Saudita (valores não divulgados).
- Contratos revelados na imprensa indicam montantes mensais elevados: Neymar tinha €541.680 (GBP £475.876) de bónus de ética/mês; Mbappé €500.000 (GBP £438.000)/mês.
- Em Inglaterra, clubes podem multar até duas semanas de salário; em França, como não é permitido cortar salário, o bónus de ética funciona como mecanismo de conformidade.
Entre Linhas
- Peritos em finanças do desporto sublinham que contratos atuais envolvem múltiplas partes (clube, agente, empresa de gestão e direitos de imagem), com uplifts de 25% por participação na Liga dos Campeões e estruturas onde direitos de imagem podem representar até 40% sobre um 60% de base.
- Para clubes, a crescente fragmentação da remuneração aumenta complexidade operacional e risco reputacional, exigindo auditoria contratual e reservas para contingências legais.
E agora?
- Expectável maior padronização de cláusulas de ética em França, com definição clara de métricas de cumprimento e processos de disputa.
- Clubes poderão reforçar provisões contabilísticas para litígios e rever calendários de pagamento para evitar incumprimentos que gerem juros e penalizações judiciais.