CBF define teto de 70% da receita para custos do futebol; sanções só a partir de 2028
Regra de Fair Play financeiro limita salários, encargos, direitos de imagem e amortizações; monitorização arranca em 2026, com fase educativa antes de penalizações
O que aconteceu
A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) apresentou, esta terça-feira, o esboço do seu modelo de Fair Play financeiro, com foco em controlar gastos operacionais do futebol até 70% das receitas dos clubes. O plano ainda recebe sugestões e ajustes e deverá ser publicado no final de novembro. A monitorização começa em 2026 (fase sem punições) e as sanções passam a vigorar em 2028. O limite abrange salários, encargos, direitos de imagem e amortizações de passes; investimentos em aquisições (pagamentos por direitos) ficam fora deste teto.
Por Que Importa
- Introduz um limite objetivo de custos (70% da receita), alinhado com tendências internacionais, para travar a escalada de despesas no Brasil.
- O faseamento (monitorização em 2026 e penalizações em 2028) dá previsibilidade e tempo de adaptação aos clubes, reduzindo risco de rutura competitiva.
- A exigência de défice zero ou superavit a partir de 2028 força disciplina orçamental e melhora a credibilidade perante investidores e credores.
- Pénaltis graduais e tolerância a défice até €4,91 M (R$30 M)/ano em média por três épocas, ou 2,5% da receita, balizam o risco sem inviabilizar operações (valores acima implicam medidas corretivas).
Entre Linhas
- Clubes pediram incluir métricas de fluxo de caixa além do apuramento contabilístico, para refletir liquidez real e evitar tensão de curto prazo — ponto crítico num mercado com receitas voláteis de transmissões e vendas de jogadores.
- A receção inicial dos clubes foi maioritariamente favorável, mas detalhes finais e eventuais exceções/regimes transitórios permanecem não confirmados.
E agora?
- Até ao final de novembro, a CBF deve fechar o regulamento e esclarecer: critérios de cálculo de receita elegível, perímetro de consolidação (clube/SAD), tratamento de variáveis salariais e monitorização de direitos de imagem.
- Clubes terão de rever folhas salariais, contratos de imagem e cronogramas de amortização para caber no teto de 70% até 2028, ajustando políticas de contratação e renovações.
- Expectável maior procura por receitas recorrentes (bilhética, quotas de sócios, patrocínios e comerciais) para expandir o teto de custos sem comprometer o equilíbrio.