Estudiantes quase virou laboratório para sociedades anónimas desportivas na Argentina após promessa de €102,2 M

O investimento de Foster Gillett em Estudiantes e Rampla Juniors expôs oportunidades e riscos das sociedades anónimas desportivas (SAD) no Cone Sul, entre ambição financeira e promessas por cumprir.

5 out 2025 • 09:56 • Leitura original: Buenos Aires Herald
Estudiantes quase virou laboratório para sociedades anónimas desportivas na Argentina após promessa de €102,2 M — Buenos Aires Herald

O que aconteceu

Nos últimos meses, o Estudiantes de La Plata avançou para um acordo com o empresário norte‑americano Foster Gillett, anunciado com um investimento de €102,2 M (US$120 M), apesar da oposição da Associação do Futebol Argentino (AFA) ao modelo de sociedades anónimas desportivas. O plano esbarrou em pagamentos em atraso, dúvidas sobre governação e conformidade regulatória (incluindo uma tentativa de pagamento direto numa transferência recorde), e nunca foi levado a assembleia de sócios. Em paralelo, no Uruguai, Gillett assumiu o controlo do futebol profissional do Rampla Juniors com €0,85 M (US$1 M) para saneamento e plantel, mas o projecto rapidamente acumulou salários em atraso e maus resultados.

Por Que Importa

  • Governação e controlo: o caso ilustra o choque entre o modelo associativo argentino (“o clube é dos sócios”) e a entrada de capital externo com poderes de decisão — risco de perda de controlo e opacidade contratual.
  • Compliance e risco regulatório: pagamento direto de Gillett numa transferência violou normas da FIFA, expondo risco de sanções e custo reputacional para clube e investidor.
  • Sustentabilidade financeira: promessas de €102,2 M (US$120 M) e adiantamentos de €8,52 M (US$10 M) fracionados afetaram janelas de mercado e planeamento desportivo, comprometendo retorno do investimento (ROI) e performance.
  • Mercado regional: o contraste com o Uruguai, onde as SAD estão normalizadas, mostra como o enquadramento regulatório define o apetite de investimento e a estabilidade dos projectos.

Contexto

  • A tentativa de reforma legal do Presidente Javier Milei abriu espaço às SAD na Argentina, mas a AFA reforçou a proibição e a retórica “o clube pertence aos sócios”.
  • Juan Sebastián Verón, presidente do Estudiantes, defende investimento privado como alavanca para competir em receitas com Boca Juniors e River Plate.

Entre Linhas

  • Termos do acordo com o Estudiantes mudaram e não foram totalmente divulgados (valores não divulgados para comissões/honorários e direitos de governação), alimentando resistência interna e de adeptos.
  • No Rampla Juniors, a sobrevivência operacional dependeu de um fundo fiduciário da federação uruguaia — sinal de fragilidade do fluxo de caixa inicial do investidor.

Números

  • Investimento prometido no Estudiantes: €102,2 M (US$120 M) — estrutura e prazos não confirmados.
  • Adiantamento previsto: €8,52 M (US$10 M); segunda parcela chegou após fecho do mercado.
  • Tentativa de contratação recorde: Cristian Medina por €12,78 M (US$15 M), renegociada após alerta da AFA.
  • Rampla Juniors: entrada de €0,85 M (US$1 M) para dívidas e plantel; salários em atraso e série sem vitórias até junho.

E agora?

  • No Estudiantes, a revisão documental foi adiada para dezembro (não confirmado se avançará); sem assembleia marcada, cenário aponta para reavaliação ou abandono do acordo.
  • No Uruguai, Gillett diz manter apoio ao Rampla, mas com envio de fundos abaixo do prometido, colocando em causa planos de infraestrutura e competitividade a curto prazo.

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