Quebra dos direitos televisivos deixa o Brest à beira do défice apesar da Champions
Receitas de transmissão caem 89% em dois anos; prémio europeu já não compensa. Clube aposta no novo Arkéa Park para estabilizar a médio prazo.
O que aconteceu
O presidente do Stade Brestois, Denis Le Saint, expôs a fragilidade financeira do clube: as receitas de direitos de transmissão da Ligue 1 caíram de 42,5 M€ em 2023/24 para 4,5 M€ em 2025/26 (−89%). Apesar do encaixe de cerca de 50 M€ pela presença histórica na Liga dos Campeões na época passada, o Brest enfrenta um exercício com forte pressão orçamental.
Por Que Importa
- Direitos de transmissão são a principal linha de rendimento recorrente dos clubes franceses. Uma quebra desta magnitude desorganiza planeamento desportivo e investimentos, aumentando risco de vendas forçadas de ativos (jogadores) e contenção salarial.
- O caso Brest ilustra o “efeito de precipício” pós-colapso da Mediapro em 2020: ausência de um contrato de emissão estável fragiliza toda a Ligue 1, reduzindo competitividade internacional e retorno do investimento (ROI) para proprietários e patrocinadores.
Contexto
- O prémio europeu (~50 M€) foi alocado ao reforço do plantel e à consolidação de capitais próprios. Sem nova presença na Liga dos Campeões, essa almofada desaparece do atual orçamento.
- Vendas de jogadores ajudaram a fechar o último exercício, mas a direção mantém prudência e aponta a infraestrutura — novo estádio Arkéa Park, previsto para 2027–2028 — como pilar de receitas futuras (bilhética, corporate, hospitalidade, naming, eventos não‑desportivos).
- Em campo, o Brest começou a época na 17.ª posição, sem vitórias, cenário que pode pressionar ainda mais receitas de dia de jogo e patrocínios.
Números
- Direitos de transmissão: 42,5 M€ (2023/24) → 4,5 M€ (2025/26)
- Variação: −89% | Queda absoluta: −38,0 M€
- Prémio europeu (Liga dos Campeões): ~50 M€ (já consumido/afeto a capitais e plantel)
Entre Linhas
- Termos específicos do contrato nacional de transmissão para 2025/26 não foram divulgados publicamente; valores agregados por clube permanecem incertos e podem variar — não confirmado.
E agora?
- Sustentabilidade a médio prazo depende de: (i) estabilização do acordo de transmissão da Ligue 1, (ii) execução do Arkéa Park no prazo e orçamento, e (iii) política ativa de trading de jogadores para equilibrar caixa até a nova infraestrutura gerar receita recorrente.